Halitose

O mau hálito, também conhecido como halitose, é uma condição anormal do hálito que se altera de forma desagradável. A palavra halitose origina-se do latim, “Halitu” significa ar expirado e osi” alteração patológica.

É uma condição bastante comum, que atinge principalmente adultos e idosos de ambos os gêneros em todo o mundo, aproximadamente 22% a 50% da população e que, aproximadamente 65 milhões de americanos sofrem ou sofreram de halitose em algum momento de suas vidas. No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Halitose, estima-se que 30% da população sofra com esse problema.

O impacto social da halitose é brutal, pois é muito constrangedora para os pacientes, fazendo com que eles se sintam inseguros no convívio social e familiar, diminuindo a qualidade de vida e é também constrangedora para as pessoas que convivem com o paciente com halitose.

Não à toa o mercado de pastas de dente, enxagues bucais, antissépticos orais, máscaras e tantos outros produtos desenvolvidos para combater o mau cheiro, movimenta milhões de dólares ao ano.

A halitose pode ser divida em fisiológica e patológica.

A fisiológica não deve apresentar problema algum para a pessoa. Pode acontecer ao acordar pela manhã, devido a redução de saliva à noite, ou devido a dieta, consumo de álcool, cebola e alho, por exemplo.

Podem ocorrer até mesmo por períodos prolongados de jejum. Tais problemas são facilmente corrigidos com orientações e higiene oral convencional.

A patológica está dividida em halitose verdadeira ou genuína onde ocorre o mau cheiro de fato ou objetivo, a pseudo-halitose onde as pessoas persistem com sensação subjetiva de mau hálito e a halitofobia, de componente psicológico acentuado, e que gera um quadro onde o paciente possui uma preocupação e medo acentuado de estar com halitose, podendo gerar alterações comportamentais severas.

Causas

As halitoses podem ser de causas orais (responsáveis por 80-90% dos casos), extra-orais ou sistêmicas e de outras causas que não se enquadram nas duas anteriores. As doenças otorrinolaringológicas e respiratórias respondem por aproximadamente 8% das causas, aproximadamente. As demais causas, entre elas as doenças do sistema digestivo, renal, hepático, diabetes, halitofobia, etc. respondem pelos outros 2%.

Causas orais:

  • Amigdalites
  • Alterações da mastigação, movimentação da língua e deglutição
  • Candidíase oral
  • Gengivites e periodontites (Causa inflamatória oral mais comum de halitose, devido a presença de bactérias produtoras de CSV – compostos sulfurados voláteis, responsáveis pelo mau hálito)
  • Glossites e saburra lingual
  • Tumores da cavidade oral
  • Xerostomia (devido à dieta inadequada, desidratação, respiração bucal, radioterapia, síndrome de Sjögren e medicamentos)

Causas extra-orais e sistêmicas

  • Alterações gastrointestinais
  • Alterações hepáticas
  • Alterações pulmonares
  • Alimentos
  • Hábitos e vícios (Tabagismo, etilismo, dietas e etc.)
  • Medicamentos
  • Outras causas (Aspectos psicológicos, ciclo menstrual e estresse)

O refluxo gastroesofágico raramente é causa de halitose crônica verdadeira persistente. Na maioria das vezes, provoca um odor passageiro semelhante a um arroto, refletindo o cheiro da refeição mais recente.

Diagnóstico

O diagnóstico e avaliação da halitose deve ser dividida em três partes. A história clínica detalhada, o exame físico e os exames complementares.

Na história clínica, deve-se pesquisar características do mau hálito, tempo de instalação, repercussão social, tratamentos odontológicos, hábitos de higiene oral, quantidade de saliva, uso de medicamentos, doenças associadas e hábitos alimentares.

No exame físico deve-se ter cuidado especial à cavidade oral, às fossas nasais e as vias aéreas superiores. Na cavidade oral, onde encontra-se a maioria das cusas de mau hálito, é importante dar atenção aos dentes, estados das gengivas, presença de restos alimentares, aspecto da língua, amigdalas hipertróficas com aumento de criptas e presença ou não de caseum.

Com relação aos exames complementares a nasofibrolaringoscopia é importante na busca por alterações nasosinusais, corpos estranhos, amigdalas linguais ou tumores e neoplasias de vias aéreas superiores. O BANAÒ teste, é um exame que utiliza método enzimático e mostra a presença de bactérias produtoras de CSV (compostos sulfurados voláteis). Também é possível, com a cromatografia gasosa ou monitor de CSV, realizar a avaliação objetiva do mau hálito. (HalimeterÒ)

Outros testes são as tiras indicadoras de pH, que refletem a atividade microbiana dos biofilmes bucais e a capacidade tampão da saliva e, por fim, a avaliação organoléptica do ar expelido pela boca e pela cavidade nasal, onde o odor é graduado conforme sua intensidade, sendo que o valor zero corresponde a nenhum odor desagradável e o máximo, 5, corresponde a um odor extremamente forte, e a partir do 3º grau, o paciente já é considerado como portador de halitose.

Por ser uma avaliação subjetiva não tem precisão quantitativa e depende do examinador

Tratamento

Por se tratar de um problema multifatorial e por vezes de alterações das cavidades orais, línguas e dentes, a halitose deve ter uma abordagem multidisciplinar, envolvendo profissionais das áreas médicas e odontológicas.

Além do tratamento específico de cada causa ou doença que cause o mau hálito, orientações quanto dieta, higiene bucal e cuidados para evitar o mau hálito são muito importantes

Atenção especial deve ser dado ao dorso da língua e a presença de saburra. Principalmente nos casos em que não há doença específica causando o mau hálito. Nesses casos, além da escovação dos dentes é importante a limpeza do dorso da língua com raspadores de língua disponíveis no mercado, pois a simples escovação da língua não é suficiente muitas vezes.

Os enxaguatórios bucais são amplamente utilizados pela população e podem ser úteis para higienização de áreas de difícil acesso, como as amígdalas linguais. Os enxaguatórios mais indicados são aqueles que possuem atividade antimicrobiana, capazes de reduzir a atividade bacteriana, e consequentemente, reduzir a produção de CVS. Além disso, o uso de fio dental deve ser estimulado. Nos casos de ressecamento da boca (xerostomia) lubrificantes orais podem ser de grande ajuda.

O uso de probióticos está sendo estudado como terapia alternativa, mas ainda sem uso definido. A ação dos probióticos seria competir com microrganismos patogênicos pelos locais de adesão e nutrientes na cavidade oral, além de modular a resposta imune. Por intermédio desses mecanismos, eles podem inibir o crescimento de patógenos, reduzindo o número de bactérias produtoras de CVS.

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