Otite média serosa: causas, sintomas e tratamento

O ouvido é dividido em 3 partes: orelha interna, externa e média. A orelha externa é composta pelo canal auditivo, que liga o pavilhão auditivo até o tímpano.

A orelha média se inicia na membrana timpânica e vai até os ossos do ouvido interno, formado uma cavidade cheia de ar que protege os ossículos do ouvido, o martelo, bigorna e o estribo.

E uma terceira parte, a orelha interna é onde se encontram as estruturas como a cóclea, responsável pela audição, o labirinto, responsável pelo equilíbrio.

A orelha média e o nariz são interligados por uma estrutura chamada tuba auditiva, ou tuba de Eustáquio. Ela é um canal osteocartilaginoso que abre e fecha para ventilar o ouvido. Essa abertura ocorre 3-4 vezes por minuto e ajuda a controlar a pressão do ar dentro do ouvido, por isso quando você está viajando de avião ou descendo a serra em direção a praia, a variação rápida de pressão atmosférica pode dar a sensação de ouvido tampado, que é rapidamente controlada com a abertura da tuba auditiva.

O mau funcionamento da tuba auditiva pode levar à diminuição da pressão dentro da orelha média, causando acúmulo de secreção dentro dessa cavidade, gerando a otite média serosa. Esse acúmulo por si só já pode causar dor e sensação de perda de audição.

Importante o diagnóstico correto dessa afecção que causa diminuição na capacidade de ouvir, podendo acarretar prejuízo no desenvolvimento da linguagem em crianças pequenas.

Causas

Qualquer alteração na região de abertura da tuba auditiva que cause obstrução dela pode levar a formação de secreção dentro do ouvido médio:

  • Tumores nasais,
  • Adenoide aumentada,
  • Infecções de via aérea superior,
  • Alergias respiratórias,
  • A otite média serosa pode se desenvolver como uma sequela de uma otite média aguda, podendo persistir com sensação de ouvido por meses.

Sintomas

  • Perda de audição,
  • Sensação de ouvido tampado,
  • Estalidos ouvidos dentro do ouvido ao engolir e ao abrir a boca,
  • Dificilmente apresenta dor no ouvido

Diagnóstico

Um médico otorrinolaringologista deve ser consultado na suspeita dessa doença. Avaliação de todo ouvido é feita com um aparelho chamado otoscópio. O médico irá avaliar a membrana timpânica, pois ele consegue ver a presença de líquido, secreção e até bolhas de ar em meio de líquido localizados dentro da orelha média.

O brilho do tímpano pode estar alterado, ele pode estar mais avermelhado ou acastanhado. Ele também pode estar retraído devido a pressão negativa dentro da cavidade timpânica.

Exames complementares incluem a audiometria com impedanciometria, que é capaz de identificar não apenas se a audição está boa, mas também a pressão e a presença de líquido dentro do ouvido.

A nasofibrolaringoscopia é importante para avaliar a entrada da tuba auditiva e para ajudar a identificar o que causa a obstrução que levou a otite média serosa.

Exames de imagem como a tomografia computadorizada e a ressonância nuclear magnética podem ser realizados para descartar a presença de tumores na região da cabeça e pescoço.

Tratamento

Por mais angustiante que seja, na maioria das vezes não é necessário tratamento, já que se resolve sozinha em 2- 3 semanas.

O uso de antibióticos, antiinflamatórios e gotas otológicas veem se mostrando ineficazes no tratamento da otite serosa.

Tratar as alterações nasais é essencial. Se a causa da obstrução da tuba auditiva for um aumento do voluma da adenoide, cirurgia de adenoidectomia deve ser cogitada. Em meninos, a presença de um tumor chamado angiofibroma juvenil deve ser descartada. Em adultos, a presença de tumores de nasofaringe deve ser investigada.

Tratamentos com antibióticos deve ser aventado apenas se houver presença de sinusite e nasofaringite bacteriana.

Antialérgicos e higiene ambiental deve ser indicado se apresentar alergias respiratórias e rinite alérgica.

Pessoas com otite média serosa devem evitar viagens de avião e mergulhos devido ao risco aumentado de desenvolver barotrauma otológico, com dor e lesão de ouvido, pela mudança intensa de pressão atmosférica.

Se não houver melhora em 1-3 meses podemos indicar uma cirurgia de drenagem da secreção do ouvido médio, a miringotomia. Após o paciente estar anestesiado, uma pequena incisão na membrana timpânica é realizada e fazemos a sucção da secreção que está dentro do ouvido com um aspirador cirúrgico. Essa abertura fica aberta por alguns dias ajudando a drenar esse líquido, mas acaba cicatrizando e fechando o tímpano novamente.

Outro tipo de cirurgia é a timpanostomia, indicada principalmente nos casos de perda de audição e otites médias agudas de repetição secundárias a secreção contínua da orelha média. Tal cirurgia consiste na inserção de um tubo de ventilação na membrana timpânica, um tubo oco de plástico ou de metal, com o paciente anestesiado.

Esse dispositivo permite a ventilação da orelha média e melhora temporariamente a função tubária, independente da causa. Esses tubos são de material plástico ou de metal, ficam ancorados no tímpano durante 6-12 meses e caem sozinhos após esse período. Tubos que não caem sozinhos tem que ser retirados cirurgicamente pelo médico. A perfuração causada no tímpano por esses tubos fecha espontaneamente.

As crianças com tubos de ventilação devem tomar cuidado extremo para não deixar entrar água nos ouvidos, desde no banho diário, uso de tampões nos banhos de piscina e não devem submergir a cabeça em água profunda.

 

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